A revista em si, sempre foi bastante duvidosa quanto ao conteúdo e, na minha humilde opinião, a reportagem em questão parecia mais ter saído da revista Caras. Nada contra a Caras, mas em geral seu conteúdo traz amenidades e até futilidades do mundo dos famosos. A mim foi assim que a reportagem pareceu.
Fora esse desconforto, não tinha realmente pensado em mais nada quando os comentários no mundo virtual chamaram a minha atenção.
Militantes do movimento feminista afirmavam que a reportagem queria passar a ideia de um estereótipo de mulher ideal, que no caso, era a da mulher que não opta por uma vida pública e busca se devotar à família, segundo seus valores.
Não posso negar que essa é uma leitura possível, assim como tudo que é produzido de forma a exaltar o que se admira.
Note que a reportagem é assinada por uma mulher.
O que não consigo ler é uma tentativa de pintar esse modelo que está sendo exaltado na revista como o da mulher submissa, dominada pelo machismo, limitada em sua felicidade e capacidade de realização.
Mas é justamente sob essa leitura que começaram os protestos em relação à reportagem. Não precisa procurar muito na net para ver provas disso.
As feministas provavelmente dirão que eu não vejo isso porque sou homem e, além disso, fruto de um sistema opressor machista. Pode ser, mas será que essa leitura também não é fruto de um antagonismo que busca ver isso em tudo? Vale refletir.
Penso isso justamente por conta do que vi no tratamento das próprias mulheres sobre o assunto.
Se alguma se posicionava de forma diferente daquelas que julgavam a matéria como um retrocesso no campo de reivindicações do feminismo, era tachada de “tonta”, “alienada” e “escrava do machismo”. Pessoal, isso está aí nos registros da Internet, principalmente nas “brigas de comentários”, onde as pessoas assumem que a Internet é uma arena de gladiadores.
Pouco depois os discursos mudaram um pouco, dizendo que não estavam julgando quem opta por brilhar de forma diferente, que se realize na família, e sim pela tentativa da reportagem de colocar isso como padrão ideal para a sociedade, o que seria uma opressão machista.
Como eu disse, essa é sim uma leitura possível, mas tanto quanto uma reportagem exaltando a vida de integrantes de uma banda de rock exalta essa condição. Acredito que as pessoas não se sentem compelidas a levar o mesmo estilo de vida.
“Ah, mas esse não é um assunto qualquer, é uma das pautas de luta das feministas. Uma área em que muitas mulheres sempre foram subjugadas e por isso é um ponto nevrálgico que não poderia ser tratado dessa forma”, dizem algumas militantes.
Olha, não dá realmente para afirmar que a intenção foi realmente essa, que existe um plano malévolo de subjugação das mulheres (principalmente porque o marido da moça da reportagem, sendo vice presidente, está sendo um dos mais ferozes opositores da Presidente da República, que é vista como modelo no movimento feminista). Podemos suspeitar disso, mas não afirmar.
Nos últimos comentários que acompanhei, diziam que defendem o direito da mulher ser o que quiser, inclusive “recatada e do lar”, como diz a revista. Será?
Muitas vezes registrei como esse tipo de reação magoou minha esposa, pois para quem não pensa como ela, ela é só mais uma “tonta”. Aliás, depreende-se disso que eu seja o “macho opressor” rsrsrs.
O interessante é que começou a “chover” fotos de mulheres na Internet que buscavam fazer o contraponto do “linda, recatada e do lar”.
Vi muitas das fotos. Algumas realmente muito interessantes, mas vi algumas em que as mulheres estavam ostentando bebidas, cigarros, seus corpos nús e em atitudes provocantes. Elas tem total direito a isso, não critico esse ponto de forma alguma. Não sou puritano, apenas busco refletir sobre o conceito de liberdade. Será que isso é ser livre, liberada e dona de si mesma? Calma, essa reflexão vale para os homens também. Será que isso é ser livre, liberado e dono de si mesmo?
Será que não estamos, como já li de um pensador, nos enganando sobre eliminar os preconceitos? Ele dizia que quebrar um preconceito não quer dizer acabar necessariamente com a cultura do preconceito, mas muitas vezes inculcar outro. Seja como for, já que é pra tomar partido, tomo o da minha esposa, em torno da qual orbito.
Linda, realizada e do lar.